domingo, 30 de janeiro de 2011

"São os únicos versos que se conhecem de um condenado à morte no reinado da Rainha Elizabeth I, com o estranho nome de Chidiock Tichborne, e que ele mandou à mulher na véspera de sua execução (tinha 28 anos de idade)"

Meu ápice da juventude é a geada do zelo,
Meu banquete de alegria é um prato de dor,
Minha safra de milho não é mais que um campo de rasgos.
E todos os meus bens não são mais que ganho de esperanças vãs.
Findou-se o dia; passou sem sol.
Vivo, sem vida.

Meu canto foi ouvido e ainda não foi dito.
Meu fruto está caído, minhas folhas ainda verdes.
Minha juventude está gasta, ainda não evelheci.
Vi o mundo, ainda não fui visto.
Meu fio está cortado, ainda não espanou.
E vivo, sem vida.

Vira minha morte e a encontrei em meu ventre.
Busquei pela vida e vi que era sombra.
Andei pela terra e reconheci meu túmulo.
E agora eu morro, e agora tudo está consumado.
Meu copo está cheio, meu copo tranbordou.
E vivo, sem vida.

Transcriado por Marina, André, Carina e Nego.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Aromaoriente

Egito, 1256 A.C.

    Feira livre entre dinares, suores e ventos
havia favas frescas, alcachofra e quiabo cozido.

    Marcam com perseverança sua presença.

Molhos, purês, cremes e guarnições.

Comerciantes egípcios tomam ersoos antes da ceia;
libaneses, arak, comem frango preparado sem legumes e com sêmola de grão grosso, chamados:
   
                                              Moghrabié
 
 Grandes e saborosos camarões de Alexandria

                                              Gambari.

Arder

E fogo purifica a dor, e a dor, sedenta, voa em direção à sede, nunca saciada de si. Mas continua, diadia, sobrevoando sobranceira sobre o arauto.
E não percebe, pois não olha em torno de si, que só algo resta: SERAFIM.
Ah! e tantas milelocubrações vãs, e tantas às claras noites, foram tamanho desperdício.

Como um grande castelo de areia que ao longo do tempo rui.
"Viver é acreditar"
        Kierkgaard

Literatura

Literatura Tituraterra Litudaterra Litudodaterra Litrode terra Litno-terra Litelúrico Lilúdico Telúricolúdico Telúricoterra Arterra Lipraprodígio Livellitígio Livroolivro Litteraar Literal Liderar Lider-ar Lenhalei Pantarhei Tudoflui Literatudo
Sobresou o que sobrevi vi
"Guttemberg criou a indústria da imortalidade".

Fechandolhos

À beira da morte está um homem, ela está à poucos segundos dele. Mas lembra ele, naquele segundo derradeiro está também toda a história da humanidade e toda história da imortalidade.E ainda retira forças das entranhas para clamar por luz "Luz, luz, mais LUZ!!". E assim como se repara o bombo, o gajo que rebomba o bumbo, presa pela última fímbria de vida que lhe resta, esse apêndice, essa apendicite. Pedaço de carne mole e pulsante, emborrachada. Os olhos começam então a se fechar e negrura fende esta fissura. "Deus Meu! Por onde estive todo este tempo? Por onde caminhei? Que caminhos fúteis!" Então a negrura, como maremoto tempestuoso, inunda. E aquilo que era, nadifica-se.
                                                                                                 
                                                                                                              ... no extremo exterior da terra.

Fases da música

                                         
                                                             Furia
                                                             Selvagem/primitiva
                                                             Circular
                                                             Passível

A Passível é a fase de baixo, a mais metódica, funcional, metodológica. Sem instinto. É a fase robótica do músico que em uma certa hora deixa a música.
A Circular do músico que saboreia as notas e conclui aquilo que toca. Nesta fase já existe um quê de instintiva, é fase de um músico plausível de profissionalismo.
A Selvagem/Primitiva é a do músico "analfabeto" em que a música é escuridão. É puro instinto. É Bela. É a circular com floreio. Não deixa de ser Circular, mas vai além dela. No entanto é humilde e recalcada. E esta é a fase mais saborosa para ouvidos acostumados com os cliches daquela determinada música.
E finalmente a Fúria a qual pertencem somente os grandes gênios. É a selvagem para além das fronteiras da visão do tempo. É o que não é previsto. O músico que cabe nesta fase é o artista corajoso, o extra-ousado, o incompreensível, o que está à frente de seu tempo, é o instintivo mais o circular mais a genialidade que é impalpável. Este é um filho do Acaso com a determinação.

Quase-parado

d'Aquide Meu ninho não há relógio nem espelho
pois o relógio conta momentos mamelucos,
e o espelho refrete a imagem crescente da minha loucura.
Logos, a loucura se faz bela e zombo da minha nesciez
Com riso sarcástico e pavoroso que assusta o outro
Na calmaria vil de sua constância, seu tremor estânque
A regaça bocarra qe zsombra da fraquesa, da fraquesa inanimada,
Meus malvos olhos coléricos, olhos de um gigante estremesse o subjetil.
 E do próprio erro, ri.
Inflama os céus, todas as manhãs, o flamejante Sol

Luz

O sol arde. E começa aqui a empreita da estrela cintilante, do homem ilustre, preocupado com o luxo, de como azedinho-doce. E o fluxo flui e o aroma expira, e dos esféricos poros, suarentos, sobremina. De sua caverna sombria e úmida, migra. E depois de muitos prazeres e tantos deleites sentiu o sabor da bolha vaziae daí então é que desistiu da fala e permaneceu num canto, com seu olho-vidro, frêmito. Foi então que olhou ao redor e viu homens menores e não viu nenhum que o igualasse em estatura, permaneceu então imóvel e disse consigo "Não há de surgir outro homem como este? Que pensa um outro do mesmo tamanho deste? Será que ele também se envaidesse de si? e deseja também outro que o iguale em gigantismo?" Mas não permaneceu de todo queto; vôou sobre as nunves e navegou por entre os mares e ouviu o linguajar de muitos povos, ceou com eles e ouviu suas histórias, e jamais fadigado, pasmou. Então ergueu as mãos e clamou: "Oh, estrela afável, que não somente olha por si, contemplai meu sofrimento, guiai esta alma, tão bela ao vosso olho, em direção à luz". E a estrela afável então o guiou.